É uma prática dificílima de evitar, mas pensar demais pode causar consequências emocionais, fisiológicas e comportamentais, além de problemas físicos como fadiga, dores de cabeça ou dificuldade para dormir. E isso sem considerar os efeitos psicológicos, já que muitos casos de depressão e de ansiedade podem ser explicados pela ruminação, termo da Psicologia para falar de pensamentos repetitivos, persistentes e negativos sobre problemas.
A preocupação excessiva com cenários hipotéticos ou a análise excessiva podem levar à ansiedade e nos fazer passar tanto tempo pensando que podem prejudicar as ações necessárias. Embora seja certamente necessário analisar as situações antes de tomar uma decisão, isso não significa passar a noite inteira remoendo tudo o que pode dar errado, pois a tendência é focar no que pode dar errado.
Essa ruminação mental, pensamento excessivo ou como você preferir chamar, “transforma a reflexão útil em preocupação debilitante”, explicou o especialista em força mental Scott Mautz, palestrante, treinador e instrutor do LinkedIn Learning. Em seu livro “The Mentally Strong Leader”, ele propõe uma maneira de interromper esse diálogo interno de pensamento excessivo: substituir a pergunta “E se…?” pela frase “Veremos”.
Como Mautz explica em seu livro, uma das maneiras mais eficazes de canalizar sua energia mental para parar de pensar demais se resume ao uso dessas duas palavras. Se você parar para pensar, "E se...?" é uma pergunta impossível de responder, porque ninguém tem uma bola de cristal para ver o futuro, nem podemos ver todos os futuros possíveis como o Dr. Estranho.
Aquilo em que pensamos pode acontecer nesse futuro, sim, mas se nos ajustarmos às probabilidades, perceberemos que os infinitos futuros negativos que imaginamos são apenas cenários hipotéticos, não realidades. E se meu despertador não tocar amanhã? E se me disserem que não querem me ver de novo? E se minha apresentação de PowerPoint não abrir? E se eu não encontrar o amor? E se, e se, e se…
Da próxima vez que você se pegar pensando "e se?", tente mudar para "veremos ". Segundo Mautz, essa é uma forma de superar a paralisia por análise e chegar à aceitação, pois tem um tom mais definitivo e decisivo. Não deixa a questão em aberto, mas a resolve. "A implicação implícita é que você já trabalhou, pensou, analisou e preparou tudo o que era necessário. Agora é hora de ver aonde tudo isso e a situação o levarão", explicou ele em seu livro.
Essa redução na análise excessiva envolve algo conhecido como “aceitação da incerteza”, um processo que, segundo os especialistas da Open Minds, é importante para o nosso bem-estar emocional e mental. “Aceitar a incerteza não significa resignar-se ou desistir. Trata-se, sim, de adotar uma atitude de abertura, flexibilidade e paciência diante do desconhecido”, explicam.
Se você se pegar pensando em futuros possíveis, experimente o truque de Mautz e reformule a pergunta como uma afirmação. Seja o que for que o futuro nos reserve, descobriremos quando ele chegar, e se um problema nos aguarda, agora ele é um problema para o nosso eu futuro.